Amando um Paki man .... Última Parte

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011
E vamus ficando por aqui....... a última parte da linda história de Amor de nossa amiga Mia e seu Pak man....


Última parte


Lembram daquele Amir, primo dele, que eu disse que adorei conhecer no 1ºpost que escrevi? Esse aí ajudou-me imenso nos últimos dias na vila. No meio daquele estresse, ele foi a única pessoa que dizia coisas acertadas que tinham o condão de me acalmar.
Apesar de tudo, das coisas más, adorei estar lá e espero voltar um dia num futuro próximo quando a vida estiver mais estabilizada. Mas quando voltar será no Verão em época de céu limpo ;)
Continuando...
Estive mais 6dias em Islamabad antes da dolorosa partida.
Aproveitamos os dias bem juntinhos, longe do estresse da vila, para recuperarmos o tempo de relax que qualquer recém-casado deve ter para bem da relação a dois.
Nesses últimos dias demos uns passeios, comemos, dormimos, descansamos. Foi mesmo muito bom, teria essa vida pra sempre junto dele mesmo ali no Paquistão ehe

Fomos a algumas embaixadas, para sabermos acerca do visto para ele, já que eu não vou viver sempre em Portugal. A área das embaixadas fica numa zona protegida da cidade. Para entrar lá, passamos por uma série de controles de segurança e ainda temos que pagar. Depois vamos de ónibus que faz paragem nas diversas embaixadas.

Também num dos dias fomos com uns amigos dele ao Monal Restaurant, que fica quase no topo das montanhas. Tem uma vista maravilhosa, vale mesmo a pena ir lá. Conselho que dou, é irem ainda de dia quase na viragem para a noite. Assim vêem de dia e de noite a maravilhosa vista da cidade.
O restaurante é chique e nem parece que estamos no Paquistão. Tem também lojinhas, mas achei as coisas meio caras lá. O problema é o frio, apesar de ter lá o aquecedor nas esplanadas, há sempre bastante frio. No Verão é que deve ser bom.
Bebi um chocolate quente e o problema foi na volta. O carro dá curvas e contra-curvas naquela estrada e eu fiquei super mal disposta, pedi para eles pararem o carro, quase ia vomitando. Não vomitei, mas a verdade é que passei toda a noite mal disposta... Nessa noite meu pak nem me tocou, acho que bastava um dedinho que eu enjoava, estive mesmo mal. Mas no dia seguinte passou.

Vi pela janela um casamento que ia ser feito no hotel onde estávamos hospedados. Os noivos vieram numa carruagem. O interessante da história foi ver que houve quem atirasse dinheiro para que quem estivesse por lá apanhasse, e as meninas a dançarem na rua :)

O último dia foi passado no hotel a aproveitar os últimos momentos juntos, mas a tristeza era já muita :(( Então a noite nem se fala... Pedimos também na recepção para que um táxi estivesse de madrugada à nossa espera na entrada do hotel.
No dia seguinte, acordo cheia de sono, sem forças, masssss com muito sacrifício levantei-me e aprontei-me para partir =((( Chegamos lá abaixo e o que acontece? O táxi avariou.... O taxista estava tentando a arranjar o motor ou sei lá o quê. Fez tentativas para por o táxi a funcionar...mas não deu!!

Não existe central de táxis e àquela hora não tinha tantos táxis na rua passando. Mas tentamos e tentamos, até que ao fim de não sei quanto tempo, consigo um táxi. Mas nesse tempo foi uma preocupação com medo de perder o voo, eu estava já desesperando de novo... Bom, acho que o Paquistão queria-me lá à força toda!! ihih

Fui para o aeroporto e mi amor deixou-me por lá na fila perto da entrada. Lembro-me da última vez que o vi...foi muito doloroso :'((((( Aguentei para não chorar, não queria passar vergonha.
Essa fila dava para o controle das malas. Todas as malas são abertas em frente dos funcionários, que apalpam e tiram as coisas pra fora pra ver. Ou seja, se têm as malas super cheias, com as coisas todas organizadas... esqueçam que lá eles abrem todas as malas e vasculham. O mal é fechar a mala outra vez... :// Depois ainda passam por raio-x, tudo por razões de segurança. Depois tem o check-in, e de seguida tem a fila dos homens e das mulheres para o raio-x da bagagem de mão. Mesmo que não apite, somos apalpadas por mulheres numa parte coberta dos olhares masculinos. Depois vai-se para o embarque.
Nas Emirates eles disseram para ir com 4horas de antecedência antes da hora de partida. Achei um exagero e perguntei porquê. Eles responderam por razões de segurança. Agora percebo o motivo...isto porque quando lá chegamos, desde a fila em que o meu pak me deixou no aeroporto até ao check-in as filas são enormérrimassssss e levam tempo...já imaginaram a quantidade de gente que vai de viagem num aeroporto que não está preparado para tanta afluência.
Massss euuu firangi tive direitos de passar à frente...eheh Um funcionário do aeroporto pega em mim e passa à frente de todos, ajuda-me a transportar as malas, fez tudinho até ao check-in. Mas depois quis gorjeta claro. Fiquei com pena de não ter nenhuma rupia para lhe dar, os últimos trocos tinha deixado com meu amor. Então ele pede dólares...e eu digo que não sou americana, não tenho nada disso. Por acaso tinha euros que até não é mau, mas só tinha notas de 5€ e era muito pra lhe dar. Por isso pedi muitas desculpas por não ter dinheiro nenhum e agradeci. Ele lá se foi embora conformado...

Até entrar no avião, as filas são sempre enormes, mas com o check-in feito já não estava preocupada.
Adorei voar nas Emirates, é de fato uma companhia de excelência em tudo... Equipamento, serviços, atendimento. Reservei um dia para estar em Dubai, e outro para estar em Londres, antes do meu regresso para Portugal.
Custou-me muito passear por Dubai sozinha longe de meu pak, mas gostei da cidade. Só não gostei duma coisa que é essencial pra mim...o clima. É sempre Verão ali. Estava já em Dezembro, próximo do natal, e clima de verão?? Ohhhh no!!! Pra mim não... Chego a Londres e está neve... Aí sim...a gente já se entende. Chega a Portugal está normal. Mas eu sempre muito triste por estar de repente tãooo longe outra vez...mas ao mesmo tempo feliz, porque agora as coisas já não iam ser como antes...eu já o tinha conhecido, à sua família também, já tínhamos vivido e partilhado muitas coisas, já estávamos casados, planeando agora a nossa vida em conjunto com fatos concretos, pois legalmente somos marido e mulher. Finalmente a net tinha passado a realidade!!! =))

Agora só precisamos de saúde, muita fé, amor e muitaaaaaa paciência...pois a nossa saga ainda não acabou... ;)

No fim de toda essa jornada, as minhas conclusões foram:
- É sempre um risco. Apesar de já conhecer a família via net, poderia não ter dado certo, e tudo poderia ter sido uma falsidade. Por isso, como em tudo na vida, dependemos da sorte.
- Na minha opinião é importante a família dele ter conhecimento e aceitar, pois tudo fará mais sentido, e não haverá tanto lugar para um eventual arrependimento se tudo for do conhecimento de todos. Sentirmo-nos respeitadas e aceites, apesar de todas as diferenças, é maravilhoso.
- Ir com a mente muito aberta para tudo, e ir com grande conhecimento da cultura, dos costumes, religião, etc.
- Ter dinheiro para emergências, pois como viram tive que alterar a minha passagem de avião. Paguei uma multa de 100€ na Emirates para a alteração, e meu voo na Easyjet Londres-Lisboa foi para o lixo, ou seja, paguei ainda mais 75€ para ir num outro voo.
- Tentar não brigar por coisas parvas, e não levar tudo tão a sério, senão corremos o risco de ir destruindo aos poucos a relação e ir 'matando' o sentido de toda essa jornada em busca do amor no Paquistão. Falo isto porque, apesar de nunca ter posto nada em causa, durante as confusões que tive na vila se eu não tivesse cabeça fria em certas situações, muita coisa poderia ter dado mal!!
- Por fim, sem dúvida que somos mais iguais que diferentes, lá nunca me senti de outro planeta. Somos todos seres humanos, as coisas mais básicas são feitas da mesma maneira, e o fim último da vida é o mesmo para todos....sermos felizes! ;)
Boa sorte a todas as meninas com a mesma história que eu!!!

(Dentro de 2dias terei meu blog activo para todos para contar mais sobre a minha história - http://mundodamiamia.blogspot.com/ )



Bjuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuu

Amando um Paki man .... parte VII

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011





Nos últimos dias e especialmente no dia do ónibus rolava um clima bem estranho entre nós dois. Impossível eu estar feliz e contente com toda aquela situação.
Após fazer minha necessidade, voltamos para o ónibus, esperamos mas tudo ali era terrível, não conseguiria dormir naquele ónibus. Lá dentro tinha crianças que choravam e não paravam quietas. Senti-me num verdadeiro filme de terror, pior do que aquilo só se houvesse um acidente. E graças a Deus, pelo menos não houve nada disso.

As máquinas ainda não tinham chegado para tirar as pedras do caminho bloqueado, e eu já estava louca pra sair dali!!! Vi alguns carros a voltar pra trás, e pedi ao meu amor pra pedir boleia porque eu queria voltar pra vila. Ele sai pra fora e não tenta pedir boleia. Fiquei zangada. Pedi pra ele pedir boleia e ele não pede!! Logo pensei que uma mulher é que tem de fazer tudo nesta vida...mas depois lembrei que em terras paquistanesas isso muda um pouquinho. De qualquer forma, eu saí lá pra fora pra ver o jeito e habilitei-me a pedir boleia. Desta vez foi ele a ficar zangado, aquilo não era coisa pra mulher fazer, muito menos com estranhos que poderiam ser perigosos. Ele aí até tinha razão, mas credo ele não fazia nada!! Ficamos zangados num clima bem ruim. Achei-o fraco, incompetente e inútil, e fiz questão de demonstrar que o achava!! Voltei para dentro do ónibus, e enfardei-me na comida que a irmã dele preparou pra nós.
Passado um tempo, não sei quanto, ele aparece e me diz que encontrou um amigo do tio que nos iria levar de volta até um local, e de lá entraríamos em contacto com os primos para nos ir buscar.
Assim sendo, tiramos nossa bagagem do ónibus, nossas malas grandes e pesadas, fomos até ao tal carro, andamos imenso pra lá chegar. Entrei dentro do carro e estava lá uma mulher de meia idade com um menino nos braços. Ela começa a falar comigo numa lingua local, e eu a dizer que não entendia, mas ela continuava sempre a falar. Então ela pega nos meus braços e faz-me massagem. Não percebi bem aquilo mas foi bom..
Fizeram uma inversão de marcha perigosa naquela caminho estreito, gritei pra ele ter cuidado, não queria morrer no precipício. E fomos até a um local onde de vez em quando tinha rede no celular para chamarmos por socorro e nos virem buscar.
Chamaram os primos e eles vieram a caminho. Enquanto isso fiquei no carro mais a mulher com a criança, e os homens ficaram lá fora. Estava tantooo frio... Ali nas montanhosas é frio a sério, estava quieta perplexa inquieta pra sair dali. Mas esperamos muitooooooo. Não sei dizer o tempo, apenas sei que estava naquele carro pequeno de pernas encolhidas, com frio, sem poder falar com ninguém, de mal com meu amor, farta, esgotada...sem palavras........
Quando finalmente eles chegaram ao fim de não sei quantas horas, agradeci a Deus, porque ia embora dali!!!
Fomos de jipe, eles alugaram um pra nos vir buscar, já que os carros deles não davam para aquelas estradas tão más. Agradeci a Deus também aquele carro discreto e bom no nosso caminho de volta.
Meu amor ficou maldisposto durante a viagem e eu tentei por ele melhor e mais bem disposto. A viagem de volta com os primos durou mais não sei quantas horas.....
Cheguei a casa na vila, fomos dormir, dia seguinte fomos para o aeroporto outra vez e outra vez não houve avião.

Nessa manhã após saber que não tinha voo OUTRA VEZ, fiquei literalmente de cama, tão triste que nem sei explicar. Pois nem por terra nem voando, eu poderia sair dali... Meu pak tentava dizer que isso são coisas que acontecem e 'inshallah' no dia seguinte haveria novo voo. Fiquei ruim e brava que nem uma louca e levantei a voz a ele brigando à frente dos seus pais e primos. Envergonhei-o à frente de toda a gente e não estava a ter noção disso :(((
Pedi muitas desculpas a ele depois do sucedido, ele ficou amuado, mas depois tentou compreender que de fato eu estava chateada, nervosa e triste.
Entretanto eu já tinha alterado a passagem de avião para a semana seguinte...e tive de uma inventar desculpa para atrasar regresso, pois não quis preocupar ninguém.
No outro dia a seguir, acordei às 6h da manhã, como em todos os últimos dias pra ir pro aeroporto, e vejo céu limpo sem nenhuma nuvem. Tornei-me outra!!! Feliz e contente pois com aquele tempo o avião já poderia partir.
E partiu!!! Ao entrar no avião, agradeci por Deus me tirar dali, daquele inferno sem noção.
Cheguei a Islamabad com uma vontade enorme de beijar aquele chão!!! =)







Ai que afliçãooo


Próximo post tem selinho da Lucyyy.. ebaaa



Irã sob o Chador (Duas brasileiras no país dos Aiatolás)

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011
Nesses últimos anos, por conta da faculdade, desenvolvi em mim algo que nunca imaginariam que eu seria... compulsiva por leitura. Moro em uma cidade com 50 mil habitantes e a nossa livraria  é de acordo com o tamanho da cidade, sendo assim pequena, fica no caminho do meu trabalho, passo todos os dias em frete, não tem um dia que não fico na vitrine, a vendedora já deve estar pensando que sou doida... kkkkkk
Tenho 9 livros pra ler, não consigo decidir qual vem depois e depois. Assim compre esse livro e o passei na frente dos outros.

Lógico que o tema "Chador" me chamou muito a atenção, pois a primeira vez que ouvi essa palavra foi lendo A Cidade do Sol (Kaled Hosseini). No Afghanistan Xador é um dos nomes da  famosa "burca". Deixei o que estava lendo de lado pra mergulhar no universo iraniano até então desconhecido por mim. 

Todos nós sabemos que a mídia e as nações desenvolvidas manipulam todo o cenário mundial em todos os campos. Por conta disso construímos  visões deturpadas e muitas vezes preconceituosa sobre todos os assuntos que dizem respeitos as nações islamicas (xiitas/sunitas) e sua cultura. 

Os assuntos polêmicos estão sempre relacionados ao fato de o estado (no caso o país) não ser laico e seguir a Sharia, dependendo da interpretação do livro sagrado Alcorão causa muita discussão por todo mundo em relação aos direitos humanos e aos da liberdade de expressão.

Irã sob o Chador foi escrito com muitos detalhes principalmente sobre a sociedade jovem, como eles lidam com todas as proibições que vão desde o uso dos meios de comunicações (internet, móvel) e se divertir a lutarem por seus direitos para terem um futuro melhor em um país Islâmico Xiita.

1 Parte
Apresenta o país com suas contradições, censura , um mercado cinematográfico premiadíssimo, sua literatura poética, célebre hospitalidade, buscando contato com o mundo exterior ocidental não deixando de exautar as belezas de seu país, reclamando do rígido sistema religioso e admirando a política externa de Ahmadinejad.

2 Parte
O mundo dos Aiatolás, com as universidades teológicas e como eles governam o país em conjunto com o atual presidente. Percorreram a capital Teraã e seus pontos turísticos. Como funciona um país que por mais que produza muito petróleo a população sofre com o racionamento que o governo impõem. Como vive a geração pós-revolução Islâmica. Como as mulheres viveram e vivem antes e depois da Revolução Islâmica. (da mini-saia ao hijab). As personalidades iranianas que lutam pelos direitos humanos, e a vida que levam por se dedicarem a ir contra os Aiatolás.


O livro foi lançado depois das últimas sansões feitas pela ONU a pedidos das "medrosas" nações ocidentais
e em seu último capitulo, fala sobre o apoio brasileiro e de Lula. Como os iranianos receberam essa "ajuda" a favor dos objetivos em comum dos manda-chuvas desse país.


Thaís em suas conclusões

Uma obra muito bem escrita, rica em detalhes, principalmente pelo fato das jornalistas terem vivido infiltradas na sociedade iraniana, nos contado coisas que nunca saberíamos, como o consumo ilegal de bebida alcoólica, como é a vida dos homossexuais dentro de um país xiita islâmico, como os jovens se divertem, a divisão da população em conservadores e liberais.

Como é bom aprender um pouco mais sobre uma das civilizações mais antigas, a Persa, sua cultura rica com mais de 2000 anos de história, uma população que ama sua nação desejando dias melhores.

Dia 30/12/10 o programa Conexão Repórter da emissora SBT exibiu um programa inteiro sobre o Irã, engraçado, parece até que pegaram o livro delas como guia, pois eles falaram sobre as mesmíssimas coisas.

Quem tbm tiver o interesse de assistir eu recomendo : A Polêmica História do Irã

Parte 1
Parte 2
Parte 3


Bom fico por aqui espero que gostem de minha indicação

Márcia  Camargos e Adriana Carranca


Entrevista para o jornal Estadão

Música e Dança Pashto

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Oie gente....
Em meu primeiro post do ano, venho dividir algo com vcs que amo, a música Pashto.

Todos nós sabemos que as danças orientais são extremamente corporais com seus gestos e significados, dentro da música clássica Afghan (Klasik) os principais sons escutados vem de uns instrumentos conhecidos, mas ao mesmo tempo bem diferente do que estamos acostumados ver ou ouvir.

   Tabla                   

Rabab

Dombura

Em meio a essa paixão que sinto por tudo que cerca a cultura pashto por motivos óbvios, vim dividir com vcs por indicação de meu "Bro jan" um vídeo muito interessante de um jovem afghan dançando muito bem por sinal o que eles mais admiram, sua música, que por intermináveis anos foi proibida pelo Taleban no Afghanistan.

Assistam e se impressionem como eu me impressionei.




Nesse outro percebe-se como se aprende desde pequenos os gestos. Esse é CUTE demais.



ok... Vou ficando por aqui ainda mais apaixonada e envolvida por tudo isso.....  : D

Amando um Paki Man... parte VI

domingo, 2 de janeiro de 2011
Diretamente de Cabo frio, estou aqui sem sono depois de ter dormido umas dez horas de tao cansada  ....... rsrsrsrs

A intenção tinha sido ficar 5 dias na aldeia, mas acabei por ficar 15. Fomos para lá com a passagem de avião de ida, mas sem volta. A volta seria marcada quando estivesse na aldeia. Mas aconteceu que os voos estavam todos cheios por causa do eid que houve em Novembro, por isso babo (pai dele), que tinha um amigo responsável que trabalhava na PIA em Gilgit, ia dar-nos um jeitinho e as coisas iriam ficar aparentemente resolvidas. Eu tinha ficado semi-preocupada, pois os voos estavam mesmo todos cheíssimos até às 3 semanas seguintes...
O tal amigo não conseguiu voo no dia pretendido mas conseguiu vaga 2 dias depois. Tudo ok! 2 dias depois não tinha problema.
Chega os 2 dias depois, meu pak acorda pela manhã, sai lá pra fora e vê o céu nublado. Fica preocupado. Quando é que céu nublado é motivo suficiente pro avião não voar?? Não liguei, com malas e despedidas feitas fomos para o aeroporto. Eu particularmente toda contente pois finalmente ia pra Islamabad gozar uns belos últimos dias com meu amor longe de tanto povo. Fizemos check-in, e esperamos pelo embarque que acontece quando o aviãozinho chega de Islamabad. Só existe 2 voos por dia a ir para a capital e são logo pela manhã.
Estávamos lá à espera e dizem-nos que o avião voltou pra trás, os voos estavam cancelados. Porquê? Porque o céu estava nublado! A região é montanhosa e o tempo tem de estar limpo para se ver as montanhas que são muito altas. Na altura nada daquilo fazia sentido pra mim, pois as nuvens nunca foram problema para um avião, só mais tarde entendi que tinham razão.
Voltamos pra casa, e de novo babo liga ao amigo pra remarcar a passagem pois tínhamos perdido o lugar no avião. Amigo remarca, dia seguinte tentamos de novo, mas estava nublado again... No outro dia seguinte nova tentativa, o mesmo problema.... E assim se andou por 4dias, sempre com o tempo nublado. Eu estava a começar a ficar muito preocupada, faltavam 4 dias para o meu voo de volta pra Portugal e os malditos voos não funcionavam.
Mas havia a solução de ir por ónibus. Não pensamos nisso mais cedo pois todos diziam que era uma viagem tipo 'fim do mundo'... 24horas de viagem num ónibus lotado de gente em estradas tortuosas e perigosas não é pra qualquer um. Por isso evitei ao máximo essa opção.
A 3 dias do meu voo de volta pro meu país, o diabo do voo foi cancelado OUTRA VEZ por causa das nuvens... Desespero total!!!! Mas o pior ainda estava pra vir.......
Decidi que teríamos de ir no ónibus!!! Queria lá saber se a viagem era ruim!!! Meu desespero era chegar a Islamabad a tempo e apanhar meu voo de volta. Dias de descanso tão desejados com meu pak em Islamabad antes de ir embora??? Eu já não queria saber disso!! O desespero era sair dali, já nem pensava em mais nada. Estávamos a lutar contra o tempo!!! E tinhamos de contar com as 24horas da viagem.
Chegamos ao terminal dos ónibus, compramos bilhete, a irmã dele amorosa fez-nos comida pra viagem. Chega a hora do embarque e lá vou eu desesperada, pensando se é desta que saio daquela aldeia!!! Quando entro naquele autocarro falta-me o ar.....o ónibus estava quente como o diabo!!!! Começo a sentir-me mal, mas eu sempre a tentar manter a posse (senão todos iam dizer: 'eu avisei-te que não devias ir de ónibus'). Peço pra ir lá fora e dizem-me que não. Mulher não é bem vista lá fora pois tinha muito homem rondando a praçeta dos ónibus... Ahhhh doida desesperada, fui lá pra fora!!! Que se lixassem os outros!!! Pensava como ia sobreviver num ónibus lotado de gente e quente como o inferno......Sem falar nas estradas........ Ahhhh desespero total!!!! Babo viu que eu não estava bem, pediu para que eu fosse nos primeiros lugares da frente pois lá não é tão quente. Lá conseguimos lugares discretos graças a babo sempre incansável com o meu bem-estar.
A viagem começa...a estrada todaaaaa esburacada, o ónibus sempre aos saltos, de tempos a tempos a estrada era estreita e tinha precipício ao lado. De novo rezei para que o condutor abrisse bem o olho e não desse passo em falso. Era morte certa. Tinha medo que ele adormecesse ao volante pois essas viagens são tão cansativas, e pedi muito a Deus que abençoasse aquele homem.
Eu ia meio contente, pois finalmente ia a caminho de Islamabad. Passados uns tempos, dá-me vontade de fazer xixi. Digo ao meu amor pra falar com o condutor pra ele parar e eu fazer a necessidade. Condutor diz que os banheiros estavam a 2horas de viagem... Uhhhhh começou o suplício........ 2horas de viagem??? Eu apertada daquela maneira......Comecei a pensar que tudo é psicológico e tentei me distrair com a musica do mp3 ou tentar dormir. Impossível dormir naqueles caminhos aos altos e baixos que ainda deixavam minha bexiga mais cheia.
De repente..... vem a notícia de alguém que a estrada mais à frente estava bloqueada.... Houve queda de pedras das montanhas que bloqueou o caminho. O ónibus continuou o percurso até ao bloqueio, até que lá chegou e parou. A estrada estava de fato intransitável, já tínhamos feito 7 das 24 horas da viagem.
Os homens saem do ónibus pra ver o sucedido (mulheres sempre sentadas, claro), tinha lá já vários carros parados... Estávamos precisamente no meio das montanhas, ou melhor, no meio do NADA!!! Sem luz, sem rede de celular, sem água e sem banheiros!!!! Apenas montanha dum lado e precipício do outro. Estavam um montão de homens lá fora a ver o sucedido, homens dentro do ónibus também e aqui a madame com vontade de fazer XIXI!!!! DESESPERO!!!!! Ali levam anos pra resolver um assunto, por isso aquele desbloquear das pedras iria levar a noite inteira... Ele estava preocupado pois sabia como eu estava aflita, mas logo disse que não era possível fazer nada...... Nada??? Como nada??? Ameacei fazer ali mesmo nas calças, depois ele não se queixasse do cheiro e que as outras pessoas olhassem.
Ele então pediu para que eu esperasse pela noite. Já estava a escurecer, só precisava esperar mais um pouco pela escuridão total. Quando isso aconteceu passado 1hora de TORTURA, fui lá fora mais ele... e andamos pela estrada até uma parte mesmo escura sem as luzes dos faróis dos carros e sem ninguém. Imaginem se alguém nos apanhasse!!! Medooo! Vinha gente a caminho, há sempre gente lá por todo o lado. Mas fiz minha necessidade ali mesmo bem depressa. Senti-me aliviada e mega feliz!!! Fiquei leve leve novamente. Mas boa disposição durou pouco tempo. A estrada continuava bloqueada e ainda iria continuar assim por uns bons tempos.