Contos Mágicos Persas I - Cabeça de Familia

sábado, 9 de julho de 2011

"Coleção Arca da Sabedoria - Editora A"

Apaixonada pela Pérsia e adjacências comprei esse livrinho de fábulas  em janeiro, fui colocando coisas em cima e esqueci dele. Hoje arrumando minha pilha de livros em minha nightstand rsrsrs achei ele e voltei a lê-lo.
Nessa terra culturalmente fértil, berço das civilizações mais antigas do mundo ressurge então 12 contos,  graças a cultura milenar as histórias desde livro foram passadas de pais para filhos engrandecendo nosso dia a dia que em meados do século XXI. Os acontecimentos trágicos que rondam o Oriente Médio ainda não conseguiram apagar esse mundo fascinante de Príncipes e Princesas, Mulas, mercadores, Reis e Rainhas e uma imensidão de camponses e pastores que enriqueceram muito a cultura propriamente dita.
Apaixonante eu o definiria  e como qualquer livro de fábulas com ensinamentos . Sendo assim vou dividir com vcs os contos e fazer deles posts. E no fim queria saber de voces qual foi a moral da história  ;).

Cabeça de Família

Nasrudín foi convidado para jantar na casa de Abdul Karim. O principal mercador de tapetes do povoado. Sua grande casa e seu magnífico jardim davam provas da fortuna que se podia ganhar comerciando tapetes. Desde o momento em que o mulá entrou, o mercador esteve falando do seu sucesso. Parecia esquecer de honrar devidamente o manto negro e o turbante do mulá e de que seu convidado também er auma pessoa importante.
Quando Abdul Karim cansou-se de demonstrar que estava à cabeça do negócio de tapetes na região de Isfahán, começou a gabar-se de sua família. Quando sua esposa esgueirava-se por algum canto do recinto, o mercador dizia:
"Minha Yamile! Quanto dependemos todos dela! Eu, certamente, sou o cabeça da família, porém Yamile quem nos mantém unidos."
Quando suas filhas passavam em silêncio, observando o mulá entre seus véus, seu pai as olhava com amor e suspirava:
"Minha Akhtar e minha Nadereh! São as mãos de sua mãe. Nunca houve meninas mais dispostas e prontas para ajudar. São duas jóias de filhas."
E quando seus dois rudes filhos apareciam, o mercador dava-lhes umas palmadas no ombro e orgulhosamente dizia:
"Meu Jamshid, meu Rustam! Estão crescendo para transformasr-se no cajado de minha velhice. Agora mesmo nosso sustento depende deles."
O mulá, prudentemente, não contava ao seu anfitrião quão inquietos e travessos eram seus cajados quando iam à mesquita para estudar o Corão.
Nasrudím estava disposto a ouvir falar do sucesso da Abdul Karim parte do tempo, porém não todo. O mercador bem poderia deixar de falar de vez em quando e dar-lhe a palavra. Ele mesmo poderia estar orgulhoso por bastantes razões. Cada vez que Abdul Karim comia, Nasrudím abria a boca para intervir, porém o anfitrião recompunha-se tão rápido que o mulá não conseguia nem sequer opinar sobre o assunto.
Quando Yamile e suas jóias de filhas entraram com os serventes que traziam o jantar, Nasrudím sentia-se completamente miserável. Ter tanto para dizer e nenhuma ocasião para faze-lo. Escutar histórias atrás de histórias sobre trabalho e a família de Abdul Karim, quando tinha tanto que contar de si mesmo. Haveria outra maneira de passar uma noitada mais parecida uma tortura?
Os serventes colocaram uma enorme bandeja de cobre entre os dois homens, sobre uma almofada do vermelho mais vibrante de Isfahán. Trouxeram sete conchas de sopa de iogurte de pepino.
"Não sou como outros cabeças de família", explicou Abdul Karim. "Minha esposa e minhas filhas comem comigo. Já que és apenas uma mulá, também esta noite podem vir à mesa como sempre e até permitirei que levantem o véu para comer."
Depois da sopa houve um segundo parto à base de berinjela assada. Os serventes trouxeram então uma bandeja grande de arroz e uma pequena com um frango assando inteiro com bico e pés.
"Nosso honrado convidado cortará e servirá o frango." anunciou Abdul Karim. Nasrudím pode ver que seu anfitrião estava satisfeito consigo mesmo, por não ter que pegar, por cortesia, um pedaço menor do frango.
Nasrudím pegou a faca de trinchar. Contou as seis pessoas que estavam sentadas à mesa, e lembrou-se de que com ele eram sete. Sabia perfeitamente como cortar um frango entre ele mesmo e Fátimah, sua mulher, deixando algo para a sopa do dia seguinte. Porém, partir um frango em sete pedaços equivalentes era um verdadeiro problema para alguém que sabia mais de sobre o Alcorão que de aritmética. Vacilava, faminto, com a faca por cima do frango, quando o animou a voz de Abdul Karim.
"Certamente, eu, como o cabeça da família, costumo cortar o frango..."
"Como o cabeça da família", repetiu o mulá e de repente soube como cortaria e serviria o frango, "mereces uma peça apropriada de carne." 
O anfitrião sorriu  lançando um olhar feliz ao peito gordinho, com certeza o pedaço adequando para ele.
"Como cabeça da família, mereces a cabeça do Frango" disse o mulá com seu sorriso inocente, e  de uma vez só cortou a altiva cabeça da ave. O bico tilintou surdamente ao cair no prato do surpreso Abdul Karim.
"Tua esposa como disseste muitas vezes, mantém unida sua família. Que poderia ser melhor para ela que o pescoço que une cabeça e o corpo?"
Confiando em si mesmo, Nasrudím realizou um drible com a faca ao cortar o pescoço, fazendo-o cair no prato de Yamile. A coitada estava acostumada a comer pescoço do frango mais tinha esperança de que o Mulá lhe cortasse um pedaço de carne branca.
"Agora pra vós, formosas meninas, mãos de vossa mãe",  o mulá cortou as asas do frango. "As asas são as mãos do frango. Uma para ti, Nedereh! E outra boa e crocante para ti, Akhtar!"
As meninas olhavam para o corpo opulento do frango e as asas ossudas que o mulá tinha lançado em seus pratos. Nadereh, com o dom de ver o lado divertido da vida, olhou fugazmente o rosto ruborizado de seu pai e sorriu em segredo.
 "Agora para os cajados da família, os apoios em que descansa o lar", Nasrudím cortou as duas patas do frango. "Uma para tí Jamshid! E outra para Rustam!" 
A familía da Abdul Karim, habituada a ouvir falar, passeava silenciosamente o olhar da bandeja aos pratos. Porém Abdul Karim tinha ficado sem palavras. Nasrudím ainda tinha oportunidade de falar.
"Todas as partes importantes, as que tem um significado especial estão repartidas". Suspirou enquanto amontoava o resto do frango em seu prato. " Eu sou apenas um Mulá e o que resta bastará pra mim."
Nasrudím dedicou-se a comer, comparando cada pedaço delicioso com os outros. Yamile e seus quatro filhos esquivavam-se do olhar do cabeça da familia... E Abdul Karim não tinha absolutamente nda para dizer.




Muito bom né??? Eu sou completamente apaixonada por toda essa cultura..... 


Quero saber de vcs agora, a moral da história com ponto de vista de cada ....... 

6 comentários:

  1. Andreza Gomes disse...:

    Oie Thatha, hj minha cabecinha está meio avoadinha, mas vou ver o que consigo fazer, hahaha.

    A vaidade e o orgulho sao 2 sentimentos que nos cegam, tornando as pessoas egoístas e individualistas. O mulá mostrou que um pouco de humildade e respeito ao próximo fazem bem.

    Acho que é mais ou menos isso, hehehe.

    bjiimm e ótima semana

    http://meuamorpaquistanes.blogspot.com/

  1. Amigaaa! se não me engano tem esse livrinho aqui em casa também!
    Adorei sua idéia de compartilhar os contos conosco!
    Lindonaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa!

    Bjos

  1. Anônimo disse...:

    Oi linda!! Eu acho é que ele é muito esperto, isso sim!! eheh ;)
    A história é interessante! Fico esperando por mais =)

  1. Luisa disse...:

    Oi Thaís! Tdb?
    Criei meu blog novo:
    http://diariodadanis.blogspot.com/
    Estou te esperando! =)
    Beijos

  1. Cafe Masala disse...:

    thataaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa
    passando pra te deixar um bjao... tem fotinho do meu baby no cafe masala...
    ahhh me add no facebook: jacqueline naik
    bjus bjus bjus

  1. Michelle Melo disse...:

    muito legal, e interesante, parabens pelo blog, bjo