Amando um Paki man .... parte V

terça-feira, 28 de dezembro de 2010
O primeiro dia do casamento foi passado na casa do tio. Foi o dia do Mehndi. A família enfeitou toda a casa, cheguei lá pela tarde e comecei a arranjar-me. Vesti o vestido amarelo com a dupatta rica em detalhes, puseram-me as jóias, fui maquiada e fizeram-me o penteado. Impossível não ficar bonita com todos aqueles arranjos... ;) Os rapazes também estavam noutra parte da casa a preparar o noivo.

Foi uma festa muito linda!!! :) Depois de pronta, a noiva é a primeira a se apresentar. Fui debaixo de um tecido que as primas seguravam até à sala onde já estavam todos os convidados. Acho que ainda não tinha bem a noção que EU era a noiva, que aquilo era tudo pra mim, que todo aquele mundo estava ali pra me ver... Foi de facto muita coisa pra minha cabeça e eu estava sem ter noção da dimensão das coisas...por isso na altura fui encarando todas as coisas de forma normal.
Sentei-me num sofá arranjado propositadamente pra firangi, senão seria no chão com almofadas. A sala estava toda decorada, o mehndi estava em pratos muito bonitos, os doces também muito bem feitos. Depois foi a vez do noivo se apresentar. O meu amor lindooo veio da mesma forma que eu e, por fim, sentou-se ao meu lado.
Deu-se início à cerimónia, os convidados vinham até nós, ponham-nos dinheiro no nosso colo, depois ponham-nos mehndi nas mãos, e por fim ponham-nos doces na boca. Ahhh comi tantooo doce e recebi tanto dinheiro!!! hheeh No fim da festa meu amor dançou pra mim!! Maravilhoso!!.. Eu tinha que fazer uns gestos com as mãos enquanto ele dançava, pois significava dar prosperidade para o futuro. Adorei =))
Depois dos rapazes saíram do quarto, enfeitaram as minhas mãos com o maravilhoso mehndi e foi a vez das meninas dançarem. Esqueçam aquela ideia das meninas paquistanesas, muçulmanas, donas de casa!! Elas tiram as dupattas e o excesso de roupa de cima delas e dançaram bemmm mais que muita menina daqui, mais do que eu por exemplo. E não são aquelas danças tímidas não...eram danças bem sensuais.....
Já pela noite dentro, voltamos pra casa. Estava realmente muito feliz, a festa tinha sido mesmo bonita =)

No dia seguinte, depois do pequeno-almoço, arranjei-me outra vez. Vesti o vestido vermelho com a respectiva dupatta. O vestido é impressionante...Fiquei mesmo maravilhosa, acho que mais bonita do que naquele dia, não poderia ficar... Aquelas roupas são mesmo muito lindas.
Durante esse dia recebi visitas (outra vez fui figura de decoração), recebi presentes, e depois tivemos um jantar com os convidados que eram praticamente todos família. O dia foi também muito bonito =)

Como já disse, fiquei pela aldeia 2 semanas. A vida por lá é mais ou menos como nos tempos passados com a vantagem de já ter tv, máquina de lavar roupa, net (muito lenta) e coisas assim. Água e luz desaparecem muitas vezes.
Conheci muita gente interessante e muito moderna para os padrões locais, como uma prima dele que estava no karatê, o xaxa não queria que ela fosse, mas xaxi disse que sim e ela foi. Conheci uma menina que me pediu pra arranjar um britânico pra casar e a levar pra fora do país. Conheci duas meninas que não queriam de jeito nenhum casar tão cedo sem antes se realizarem nos seus objectivos profissionais.
Os dias iam passando e eu criei independência. Cedo perceberam que eu necessitava do meu espaço, mas também dava desculpa de fina e dizia que ia descansar e dormir. Mentira! Era só pra ficar sozinha.
Fui também a um outro casamento mesmo tradicional. Era irmã de um grande amigo do meu pak. A noiva linda como sempre, chorou na altura de sair da casa dos pais. É normal por lá!! Super interessante isso!! Coitada, não devia estar muito feliz. Mas acho que mesmo que não tenham vontade, elas fingem chorar ehhe
Não se vê naquela região estrangeiros, ao contrário de Islamabad. Os estrangeiros que por lá passam estão só de passagem e vêm em aventura para fazer trekking ou alpinismo. Apenas conheci no casamento que fui, uma alemã que trabalhava numa ONG. Gostei muito de a conhecer e de perceber como quem trabalha numa ONG tem de dedicar uma vida a esse trabalho. Passo a explicar: além de se dedicarem a ajudarem os outros, adquirirem os hábitos locais, afastarem-se da sua família/amigos e a porem de lado as mordomias existentes no seu país, essas pessoas tem de aprender as línguas locais, além do Urdu, para poderem ir de encontro às necessidades das populações, pois muitas vezes as pessoas necessitadas apenas sabem a língua local. No norte do Paquistão existem 3 línguas locais... Ou seja, ainda tem de estudar e se dedicar muito mais do que imaginava!!! Sem palavras... É uma vida de plena dedicação. Ela disse que ali na aldeia e cidade de Gilgit, tudo era tranquilo e mesmo os direitos da mulheres eram praticados, mas que naturalmente havia regiões do Paquistão que ainda apresentam muitos problemas, a nível dos direitos das mulheres, pobreza, terrorismo, etc, principalmente nas zonas próximas da fronteira com o Afeganistão.
Ali naquela zona grande parte dos muçulmanos são ismaelitas, considerado o ramo mais soft do Islão. Eles têm o seu líder espiritual, que ainda está vivo (vive em Paris), e acreditam que ele é descendente da família de Maomé.
Mas dos dias que estive em Gilgit ocorreram assassinatos, xiitas contra sunitas, ou não fosse o Paquistão claro!! Por isso vale sempre prevenir e ter sempre cuidado a andar por lá.

1 comentários:

  1. Hürrem disse...:

    To adorando essa historia!! Na espera do proximo capitulo! rsrsrs